Feminicídio

Criança de 8 anos tentou defender mãe morta enforcada em SG

Grazielle Sampaio será enterrada nesta terça (11)

Grazielle foi morta na noite do último sábado (8) em São Gonçalo
Grazielle foi morta na noite do último sábado (8) em São Gonçalo |  Foto: Rede social
 

O filho de oito anos da vendedora Grazielle Sampaio da Silva, de 32 anos, morta asfixiada em São Gonçalo após uma discussão com o marido, chegou a tentar defender a mãe durante as agressões que sofreu do marido. O caso aconteceu na noite do último sábado (8) no bairro Boaçu. Acusado pela morte da esposa, Glaubert Soares Seriaco, de 38 anos, foi preso em flagrante depois de ser contido por vizinhos. 

Segundo familiares, o menino contou aos parentes que pulou em cima do pai no momento em que ele a enforcava, mas foi arremessado para longe pelo homem. 

“Ele disse que o pai dele pegou a mãe e enforcou depois de dar remédio. Ele disse ainda que tentou pular em cima do pai para defender a mãe, mas o pai jogou ele longe. É muito triste”, disse um familiar que não quis se identificar. Parentes se reuniram para se despedir de Grazielle no velório nesta terça-feira (11), no Cemitério Municipal de São Gonçalo. 

Parentes contaram que a relação do casal era conturbada
 

Grazielle e o acusado, segundo contaram os familiares, tinham uma relação conturbada, com brigas, e que já chegaram a terminar em algumas ocasiões. Inclusive, eles não estavam juntos dessa vez. Segundo amigas, o casal estava separado há cerca de 3 anos e Glaubert só ia na casa de Grazielle para levar o filho deles para a escola quando ela ia trabalhar. Ele já estava até em outro relacionamento. Os dois terminaram por comportamentos agressivos do acusado.

“A gente descobriu o caso porque ela não foi trabalhar no sábado. Ela trabalhava em uma loja de colchões. As pessoas estranharam a ausência dela e foram até a casa dela para ver o que teria acontecido e falou que precisava falar comigo por telefone, através de conhecidos, foi quando ela me contou que eles tinham brigado e ela estava no Pronto-Socorro de São Gonçalo. Eu cheguei lá e os enfermeiros não quiseram me falar o que aconteceu, aí eu liguei para o marido dela e ele disse “Tenho uma notícia para te dar, a Grazielle morreu””, afirmou uma familiar que não quis se identificar. 

Inicialmente, o acusado teria negado para a família que tinha envolvimento com o falecimento da vítima. 

“Ele tinha me dito que ela tomou um calmante, foi dormir e não acordou mais. Só que ela não tomava remédio nenhum, inclusive quem tomava era ele”, disse a parente. 

Foi aí que o filho do casal, de apenas 8 anos, que está com a avó paterna atualmente, relatou tudo o que aconteceu. Grazielle era natural de São Gonçalo, mas sua família é quase toda do Ceará. A mãe e o padrinho vieram do Nordeste para o enterro. 

“Eu já havia falado que era pra eles pararem com essa briga, que não ia dar certo. Na sexta, eu estava com ela, havíamos bebido juntas e eu não acreditei no sábado o que ocorreu. A situação toda é difícil. O filho deles é carinhoso e agora vai conviver com esse trauma. Esse monstro transformou o rosto dela todo, tá roxo e inchado. Ela era uma pessoa maravilhosa, não merecia isso de jeito nenhum”, contou. 

Fátima Medeiros disse que Grazielle era uma ótima vizinha. “Eu fazia a unha dela direto. Era uma ótima amiga também. O que eu sei dela é isso. Como mãe, ela era normal, como eu e ela. Uma pessoa que vai fazer falta, com certeza. Uma amiga que nós perdemos, é doloroso ver ela ali. Não foi o primeiro e não será o último caso”, disse a cuidadora de idosos. 

Paula Duarte, amiga de Grazielle, disse que ela é inesquecível. “Ela era guerreira, maravilhosa, trabalhadora, sempre correndo atrás, mas infelizmente ela será mais um caso para a estatística porque veio a polícia a primeira vez, não fez nada, não levou ele e ficou por isso. Tinha provas, mas não levaram ele. Ele voltou no dia seguinte e fez isso. Destruiu a vida do filho dele. Todo mundo tem que orar por crianças que perdem os pais como ele. Nós mulheres não temos segurança”, disse a cozinheira.

O advogado da família da vítima Gabriel Martino esteve presente no sepultamento de Grazielle e disse que a mãe dela está muito abalada e que ela veio do Ceará para participar do sepultamento da filha. Eles ainda irão verificar o que farão com a guarda da criança de 8 anos, filho do assassino e da vitima. A mãe de Grazielle, inclusive, preferiu não falar com a imprensa.

O homem foi preso em flagrante no sábado (8) depois que vizinhos descobriram o caso e tentaram linchá-lo. O caso foi registrado na Delegacia de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG). O acusado confessou o crime e já foi transferido para o Complexo Penitenciário de Gericinó, no Rio de Janeiro. 

Grazielle era filha única e o pai dela faleceu há um ano de infarto. O sepultamento de Grazielle está agendado para 15h no Cemitério Municipal de São Gonçalo, no bairro do Camarão.

Grazielle foi sepultada no Cemitério Municipal de São Gonçalo
Grazielle foi sepultada no Cemitério Municipal de São Gonçalo |  Foto: Lucas Alvarenga
 
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